Por
André Bueno
26/08/2025
Você sabe quantas empresas e pessoas estão inadimplentes no Brasil agora?
Em abril de 2025, o Brasil bateu um novo recorde: 70,29 milhões de brasileiros adultos estavam negativados, o equivalente a 43,36% da população, segundo a CNDL e o SPC Brasil. E não para por aí: mais de 7,3 milhões de empresas estavam inadimplentes, acumulando quase R$ 170 bilhões em dívidas segundo a Serasa Experian.
Estamos vivendo uma era em que a inadimplência é estrutural, e não conjuntural. E isso muda tudo.
De "judicializar por reflexo" a "estruturar com inteligência"
Durante muito tempo, cobrar significava processar. Mas esse modelo reativo e engessado já não funciona em um mundo onde tempo, dados e previsibilidade são ativos mais valiosos que processos empilhados.
O novo modelo exige uma virada: → Recuperar crédito com estratégia, não com volume. → Priorizar a via extrajudicial com tecnologia e embasamento jurídico. → Judicializar apenas o que faz sentido econômico e jurídico.
Extrajudicial é centro da estratégia – não acessório
A maioria dos inadimplentes não responde à cobrança tradicional. Mas os dados mostram que quando a abordagem é inteligente, multicanal e embasada em análise patrimonial e comportamento de risco, a taxa de resolução cresce — e os custos caem.
Além disso:
O tempo médio de recuperação é reduzido pela metade quando comparado à via judicial, em operações estruturadas.
O risco regulatório e de prescrição é melhor gerenciado quando a atuação começa cedo e com método.
E quando o judicial entra em cena, ele precisa ser letal — não lento
Não se trata de descartar o processo judicial — ele é crucial. Mas só quando estiver bem instruído, com provas de tentativa de acordo, localização de bens e viabilidade de cobrança.
A digitalização do Judiciário oferece um novo arsenal para isso:
Domicílio Judicial Eletrônico: acelera o início do contraditório e evita citações frustradas.
Sisbajud, Renajud, Infojud e Sniper: integram o processo à base de dados nacionais.
Jurimetria: antecipa cenários e sustenta decisões estratégicas.
Com esses instrumentos, a cobrança judicial deixa de ser morosa e se torna precisa e eficaz.
O peso da inadimplência empresarial exige ainda mais preparo
A inadimplência das empresas brasileiras chegou a 11,49% em março de 2025, segundo o Índice Multiplike, e 31,9% dos CNPJs estavam com débitos em aberto, conforme a Serasa Experian.
O impacto disso é direto nas cadeias de crédito, fornecedores, bancos e fluxo de caixa das empresas credoras. Especialmente em setores como:
Serviços: representam 40,88% dos inadimplentes empresariais.
Varejo e PME: acumulam o maior volume de dívidas vencidas por tempo prolongado.
O risco de calote, inclusive, bateu 6,27% de probabilidade média de não pagamento em 2024, segundo estudo da FTI Consulting. Um patamar recorde.
Então, o que fazer?
Abandonar modelos antiquados. Desconfiar de soluções genéricas. Estruturar uma jornada de recuperação com base em dados, tecnologia e decisão jurídica qualificada.
Empresas que organizam sua esteira de cobrança com inteligência:
Recuperam mais sem sobrecarregar o time jurídico;
Reduzem drasticamente os custos operacionais;
Aumentam a previsibilidade e compliance regulatório;
Sabem exatamente quando partir para ação judicial — e fazem isso com força.
Não é sobre cobrar mais. É sobre cobrar melhor.
Quem ainda mede sucesso pela quantidade de ações ajuizadas está olhando para o retrovisor.
O futuro da recuperação de crédito é:
Multidisciplinar;
Baseado em dados;
Integrado entre jurídico, produto, tecnologia e operação;
E orientado a resultado — não a movimento.
A pergunta que fica é: sua empresa ainda cobra como a década passada? Ou já entendeu como recuperar crédito em 2025?
Sobre o autor
André Bueno é Gerente de Operações dos times de Eficiência Jurídica e Pré-Judicial da Finch.